Aluguel de ações: como ganhar dinheiro com esse tipo de operação

A bolsa de valores conta com diversas estratégias diferentes em que o investidor pode ganhar dinheiro. Uma delas é a do aluguel de ações, que pode beneficiar os dois lados envolvidos. 

Neste artigo separamos todas as principais explicações sobre a estratégia de aluguéis de ações para que você saiba o que ela é, como funciona e os riscos e benefícios presentes nela. 

Confira abaixo e fique por dentro de tudo que envolve o tema!  

Aluguel de ações: acordo entre duas partes
O aluguel de ações é um acordo entre duas partes: o doador e o tomador (Foto: Pixabay)

O que é aluguel de ações? 

O aluguel de ações é uma estratégia que envolve dois lados interessados na negociação: a pessoa que é proprietária dos papéis e deseja emprestá-los em troca de uma rentabilidade, e também o tomador do empréstimo, que é quem deseja ficar com esses ativos pelo período para realizar operações. 

Para o proprietário dos papéis damos o nome de doador. Já o investidor que vai exercer o direito sobre esses ativos durante o período de aluguel é o tomador.   

Essa negociação entre as partes tem regras fixadas e regulamentadas por órgãos competentes. Além disso, são fechadas com uma remuneração prefixada entre os dois envolvidos no negócio, além de garantias e prazos específicos.  

Saiba mais a seguir sobre como funciona o aluguel de ações.  

Como funciona o aluguel de ações? 

O aluguel de ações tem como administradora do serviço e contraparte central das operações a BM&F. Ela será a responsável por tornar essas operações viáveis e seguras, dando garantias para ambas as partes envolvidas. 

Na prática, um exemplo claro para explicar como funciona o aluguel de ações é fazendo a comparação com um aluguel de imóveis.  

O doador, conforme explicamos acima, tem que informar a alguma corretora ou distribuidora de valores mobiliários que deseja de colocar as suas ações para alugar. 

Para isso, ele deve definir a quantidade de ações que pretende alugar, a remuneração que deseja pelo acordo e o prazo estipulado. Feito isso, ele deve informar essas instituições por e-mail ou por meio do home broker.  

A partir desse momento, a corretora ou distribuidora vai se certificar de encontrar uma outra parte interessada em exercer o aluguel dessas ações. 

O doador pode definir livremente o quanto quer cobrar pelo aluguel de suas ações. A partir disso, cabe ao tomador do empréstimo fazer os cálculos e decidir se vale pagar esse preço. Isso tudo deve ser feito levando em conta o lucro que pode ter com as operações que ele deseja realizar. 

De qualquer maneira, as taxas de remuneração vão variar muito de acordo com o mercado. Se determinada ação estiver mais demandada, provavelmente a remuneração a ser paga pelo aluguel dela será maior.   

A partir do momento que a corretora ou distribuidora colocar as ações no mercado e encontrar um tomador, essa operação poderá ser feita, só que com algumas condições. 

O tomador deve apresentar garantias de que pode arcar com o valor daquele empréstimo de ações. Esse valor não precisa ser em dinheiro. Ele pode ser feito com outros investimentos, como ações, títulos do Tesouro, CDBs, entre outros.  

O objetivo é apenas que o tomador prove que ele tem garantias de que devolverá as ações ou um valor equivalente no prazo de fim do contrato.   

Depois de verificadas essas garantias, basta a instituição mediadora confirmar o processo e ele será validado. 

Vale lembrar que esse processo pode ser feito tanto por pessoas físicas quanto jurídicas.  

É a B3 quem define as ações para aluguel
É a B3 quem define as ações para aluguel (Foto: Divulgação)

Quais são os tipos de ações para aluguel? 

A instituição responsável por liberar os ativos para serem negociados em procedimentos de aluguel de ações é a B3.  

Até o momento, as opções que podem ser alugadas são:  

  • Ações de companhias abertas e listadas na B3 
  • Units (pacotes que contêm ações ordinárias e preferenciais) 
  • Fundos de Índice (ETFs) 
  • BDRs Patrocinados e BDRs Não Patrocinados Nível I 
  • Fundos de Investimentos Imobiliários 
  • Fundos de Investimentos em Participações 

Para mais detalhes sobre os diferentes tipos de ações, confira o nosso artigo do Blog sobre o tema.  

Tipos de contratos de aluguel 

Existem diferentes tipos de acordos para os contratos de aluguel de ações. Veja alguns deles abaixo: 

Contrato reversível ao doador 

Nesse tipo de contrato, o doador pode encerrar o empréstimo no momento que desejar, mesmo que seja antes do período acordado. A taxa de aluguel paga pelo tomador, porém, será proporcional ao período que ele permaneceu com as ações.   

Contrato reversível ao tomador 

Nesse caso, é o tomador quem pode encerrar o contrato quando quiser, sem cumprir a data presente no contrato. As ações devem ser devolvidas em até quatro dias úteis.  

Contrato reversível ao tomador e doador 

Nesse exemplo, ambas as partes envolvidas podem encerrar o contrato quando quiserem, de acordo com as regras que estipulamos acima.  

Vencimento fixo 

Nesse último caso, ambos devem cumprir estritamente o prazo acordado, sem poder encerrar o acordo antes do vencimento.  

Contratos de aluguel de ações - foto representativa
Contratos de aluguel de ações possuem regras bem definidas (Foto: Pixabay)

O que você precisa saber antes de ser um doador ou tomador de ações 

Direitos e deveres das partes envolvidas 

Direitos do doador:  

  • Receber o aluguel dos ativos conforme valor estipulado no contrato;  
  • Recebimento dos proventos dos papéis. 

Deveres do doador:  

  • Não negociar as ações emprestadas; 
  • No caso das ações ordinárias, transferir o direito de voto em assembleias para o tomador durante o momento de aluguel das ações. 

Direitos do tomador:  

  • Vender as ações com a cotação e período que desejar, durante a vigência do contrato, sem ter influência do doador; 
  • Exercer o direito de voto em assembleias na empresa.  

Deveres do tomador:  

  • Pagar as taxas de aluguéis determinada no contrato;  
  • Devolver a mesma quantidade de ativos que foram alugados;  
  • Oferecer corretamente as garantias determinadas pela B3 e pela corretora.   

Garantia e riscos 

Para tornar essas operações de aluguel de ações viáveis e saudáveis, a B3 estabeleceu algumas normas antes de concretizar o processo. Entre elas, está o estabelecimento de garantias.  

Esse fator é um risco principalmente para o tomador.  

Para liberar que o tomador pegue as ações como empréstimo, a B3 exige garantias por parte desse investidor.  

Portanto, se por alguma razão ele não concluir o pagamento da taxa de aluguel, da taxa de registro da operação ou acabar não devolvendo os papéis na data acordada, a B3 tem o direito de tomar esses ativos colocados como garantia, a fim de honrar os compromissos. 

Reforçando o que falamos no início do artigo, os bens colocados como garantia não precisam ser exatamente dinheiro. Podem ser títulos públicos, títulos privados ou até mesmo outras ações que o investidor tenha em carteira.   

O valor total exigido de garantia é de 100% do valor tomado emprestado na operação, além de uma margem acrescida para cada papel especificamente.  

Para o doador, não são exigidas garantias. Além disso, os riscos são baixos, já que a B3 vai executar as garantias sem problemas no término do contrato.  

Transferência de direitos 

Conforme adiantamos brevemente, a partir do momento que o doador aluga as ações, ele imediatamente tem que transferir todos os direitos para o tomador do empréstimo. 

Portanto, o tomador vira o proprietário da ação no período do contrato. Com isso, ele tem o direito de vender as ações se ele quiser (a única exigência é que ele as tenha de volta para devolver ao fim de contrato) e pode também votar nas assembleias da empresa. 

Afinal, caso o dono original da ação quisesse votar, geraria duplicidade nos votos. Portanto, o doador deixa de ser acionista da empresa naquele momento, não podendo votar e nem participar das assembleias da companhia.   

Dividendos e outros direitos 

Apesar de alguns direitos serem retirados do doador, outros são mantidos. É o caso dos dividendos e dos juros sob capital próprio. 

No momento de pagamento dos proventos pela empresa, o próprio serviço de empréstimos se certifica de debitar esses valores do tomador e depositar inteiramente para o dono original das ações. Com isso, ele não perde o direito à distribuição desse dinheiro. 

O mesmo acontece em movimentos de grupamento ou bonificação de ações, com o doador recebendo as ações alugadas com as quantidades já ajustadas. 

Também é garantido o direito de subscrição ao doador. Ele, porém, vai ser gerado sob custódia do tomador, que terá que devolver os direitos ao dono original da ação. Caso ele não o faça, há outras maneiras de reaver esse direito, pois há essa garantia no contrato.  

Custos para alugar ações 

O doador não tem custos no processo de empréstimo de ações. Ele apenas pagará impostos sobre os lucros obtidos, que seguirão a mesma alíquota do que observamos hoje para alguns investimentos de Renda Fixa

Tabela I.R. sobre aluguel de ações
Tabela de imposto de renda sobre lucro dos rendimentos dos aluguéis.

Já os tomadores terão os seguintes custos:  

  • Taxa de registro da B3: 0,25% ao ano sobre o valor do empréstimo, com um mínimo de R$ 10 por contrato; 
  • Emolumentos e imposto de renda sobre os rendimentos em operações feitas com os ativos alugados; 
  • Taxa de corretagem cobrada pela corretora ou distribuidora que intermediar a operação; 
  • Taxa do aluguel, que é a remuneração paga ao doador por ceder a posse temporária dos seus ativos. 

Vantagens de alugar ações 

O aluguel de ações tem o objetivo de ser vantajoso para as duas partes, com ambos podendo atingir os seus objetivos na bolsa de valores. Confira abaixo quais seriam elas: 

Vantagens para o doador  

Para o doador a vantagem é muito grande, principalmente se ele for um investidor de longo prazo que pretende manter as ações por um longo tempo. 

Afinal, o aluguel das ações vai garantir rendimentos que vão incrementar o retorno da carteira.  

Ao mesmo tempo, o dono das ações não vai perder os benefícios que já possui com os ativos. 

Portanto, ele seguirá recebendo dividendos, juros sob capital próprio e se beneficiando com a valorização da ação.  

Além disso, ainda terá um rendimento extra com o pagamento dos aluguéis, sendo que o único custo está na alíquota do imposto de renda sobre o lucro dos rendimentos.

De modo geral, as vantagens são inúmeras.  

Vantagens para o tomador 

Para o tomador, as vantagens estão mais atreladas à performance dele na bolsa. Portanto, ele precisa executar bem as estratégias que deseja para conseguir o retorno esperado.  

Existem dois principais meios que os tomadores usam para ganhar dinheiro com as ações alugadas.  

Uma das alternativas é a estratégia conhecida como venda a descoberto

Nela, o investidor vende a ação com um preço maior com o objetivo de depois compra por um preço menor.  

Se ele fizer isso antes do prazo de devolução das ações, a operação estará dentro das regras e o investidor que tomou o empréstimo de ações vai ficar com o lucro para ele.  

Além disso, temos também a estratégia long and short

Ela é uma operação casada entre dois ativos. O lado short é a ação que você vende sem possui-la, que no caso seria a ação alugada, com o pensamento de que ela vai cair nesse período. Com o recurso da venda, você vai comprar uma ação que você acredita que vai subir (long).  

Se esse investidor estiver correto nas análises, ficará com a diferença de lucro nessa operação. Quanto maior ela for, melhor para a rentabilidade dele.  

Conclusão 

Com as informações colocadas no artigo, agora você sabe o que é o aluguel de ações, como funciona essa estratégia e como ganhar dinheiro com ela independentemente do lado da operação que você está.  

Além disso, sabe também todas as regras e normas presentes nas negociações, bem como a melhor forma de realizar a operação de forma segura. Com isso, pode cogitar realizar a estratégia de aluguel de ações com melhor informação sobre o tema. 

Caso queira se aprofundar mais sobre diferentes estratégias para operar na bolsa, te convidamos a conhecer a Finclass.  

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